terça-feira, 4 de setembro de 2007

A Fábula do Aparato Tecnológico para "Porcos Assados" e nossas comunidades acadêmicas.

Veja o porquê ficamos tecnologicamente ultrapassados em Impermeabilizações e Revestimentos Protetivos - Paradigma.

Certa vez, ocorreu um incêndio num bosque onde havia alguns porcos, que, infelizmente, acabaram assados ou cozidos pelo fogo. Os homens daquela época, acostumados a comer carne crua, experimentaram a novidade e acharam deliciosa a carne assada. A partir daí, até que descobrissem um novo método para preparar a carne, sempre que queriam comer porcos assados, incendiavam um bosque ou floresta.

O que vou contar com esta fábula é o que aconteceu quando tentaram mudar o Sistema para Implantar um Novo Método. Fazia tempo que as coisas não iam lá muito bem: às vezes, os animais ficavam queimados demais ou parcialmente crus (métodos de impermeabilização e proteção anticorrosiva ultrapassados - Paradoxo).

O processo preocupava muito a todos os especialistas, porque, se o Sistema falhava, as perdas ocasionadas eram muito grandes — milhões eram os que se alimentavam de carne assada e também milhões os que se ocupavam com as tarefa de assá-la.

Portanto, o Sistema simplesmente não podia falhar. Mas, curiosamente, quanto mais crescia a escala do processo, mais parecia falhar e maiores eram as perdas causadas. Em razão das inúmeras deficiências, aumentavam as queixas. Já era um clamor geral a necessidade de reformar profundamente o Sistema (Especificações).

Congressos, seminários e conferências passaram a ser realizados, anualmente, para buscar uma solução (O cachorro correndo atrás do prórpio rabo!). Mas, apesar das mudanças, parece que não acertavam o melhoramento dos mecanismos ou das especificações. Para não perderem o "Cocar de Caciques ou de Curandeiros", não seria aceita nenhuma mudança revolucionária, mesmo que alguém apresentasse uma nova solução. Assim, no ano seguinte, repetiam-se os congressos, seminários e conferências.

As causas do fracasso do Sistema, segundo os especialistas, eram atribuídas à indisciplina dos porcos, que não permaneciam onde deveriam, ou à inconstante natureza do fogo, tão difícil de controlar ou ainda às árvores, excessivamente verdes, ou à umidade da terra, ou ao serviço de informações meteorológicas, que não acertava o lugar, o momento e a quantidade das chuvas.

Como se vê, as causas eram difíceis de determinar; na verdade, o Sistema para assar porcos era muito complexo. O tempo foi passando (desde a "Arca de Noé")e, todo o sistema acabou virando uma grande estrutura: maquinários diversificados, indústrias especializadas, indivíduos dedicados e diplomados para preparar o terreno e o solo, incendiadores especialistas em acender o fogo, tinhamos incendiadores da zona norte, da zona oeste e etc., incendiadores noturnos e diurnos com especialização matutina e vespertina, incendiadores de verão, de inverno e etc. Havia especialistas também em ventos os anemotécnicos. Havia um diretor-geral de assamento e alimentação assada, um diretor de técnicas ígneas (com seu conselho geral de assessores), um administrador geral de reflorestamento, uma comissão de treinamento profissional em porcologia, um instituto superior de cultura e técnicas alimentícias-ISCUTA e o bureau orientador de reforma ignoperativa.

Tinha sido projetada e encontrava-se em plena atividade a formação de bosques e selvas, de acordo com as mais recentes técnicas de implantação, utilizando regiões de baixa umidade e onde os ventos não soprariam mais que três horas seguidas. Eram milhões de pessoas trabalhando na preparação dos bosques, que logo seriam incendiados. Especialistas estrangeiros estudavam a importação das melhores árvores e sementes, o fogo mais potente e etc. Havia grandes instalações para manter os porcos antes do incêndio, além de mecanismos para deixá-los sair apenas no momento oportuno.

Foram formados professores especializados na construção dessas instalações. Pesquisadores trabalhavam nos laboratórios das universidades, para que os professores fossem especializados na construção das instalações para porcos. Fundações apoiavam os pesquisadores que trabalhavam para as universidades que preparavam os professores especializados na construção das instalações para porcos.

As soluções que os congressos sugeriam eram por exemplo, aplicar triangularmente o fogo depois de atingida determinada velocidade do vento, soltar os porcos 15 minutos antes que o incêndio médio da floresta atingisse 47º. Celsius e posicionar ventiladores gigantes na direção oposta à do vento, de forma a direcionar o fogo. Não é preciso dizer que poucos especialistas estavam de acordo entre si e que cada um fundamentava suas idéias em dados e pesquisas específicas.

Eis que, um dia, um incendiador categoria AB/SODM-VCH (ou seja, um acendedor de bosques especializado em sudoeste diurno, matutino, com bacharelado em verão chuvoso) chamado João Bom Senso resolveu dizer que o problema era muito fácil de ser resolvido; bastava inicialmente, matar o porco escolhido, limpá-lo e cortá-lo adequadamente, colocando-o numa armação metálica sobre brasas até que o efeito do calor, e não as chamas assassem a carne por igual.

Tendo sido informado sobre as perigosas idéias deste membro desta importante cadeia produtiva, o Diretor-Geral de Assamento mandou chamá-lo ao seu gabinete e, depois de ouvi-lo, pacientemente disse: Tudo o que o senhor disse está certo, mas não funciona na prática. Pense bem, o que o senhor faria, por exemplo, com os anemotécnicos, caso viéssemos a aplicar a sua inovação tecnológica? Onde seria empregado todo o conhecimento dos acendedores de diversas especialidades?". "Não sei", disse João Bom Senso. “E os especialistas em sementes? Em árvores importadas? E os desenhistas de instalações para porcos, com suas máquinas purificadoras de ar automáticas?". "Não sei, respondeu novamente João Bom Senso". "E os anemotécnicos que levaram anos especializando-se no exterior, e cuja formação custou tanto dinheiro ao pais? Vou mandá-los limpar porquinhos?

E os conferencistas e estudiosos que ano após ano têm trabalhado no Programa de Reforma e Melhoramentos da nossa tecnologia? Que faço com eles, se a sua solução resolver tudo? Hein?" "Não sei", repetiu João, encabulado. "O senhor percebe, agora, que a sua idéia não vem ao encontro daquilo de que necessitamos? O senhor não vê que, se tudo fosse tão simples, nosso especialistas já teriam encontrado a solução há muito tempo? O senhor, com certeza, compreende que eu não posso simplesmente convocar os anemotécnicos e dizer-lhes que tudo se resume a utilizar “brasinhas”, sem chamas! O que o senhor espera que eu faça com os quilômetros e quilômetros de bosques já preparados, cujas árvores não dão frutos e nem têm folhas para dar sombra? Vamos, diga-me “!

"Não sei, não, senhor”. Responda-me, se os nossos três engenheiros especialistas em Porcopirotecnia, o senhor não considera que sejam personalidades científicas do mais extraordinário valor técnico?". "Sim, parece que sim". "Pois então, o simples fato de possuirmos valiosos engenheiros em Porcopirotecnia indica que nosso sistema e especificações são muito eficazes. O que eu faria com indivíduos tão importantes para o país?". "Não sei, exclamou João Bom Senso". "Viu só? O senhor tem de trazer soluções para certos problemas específicos, por exemplo, (como melhorar as anemotécnicas atualmente utilizadas, como obter mais rapidamente acendedores de oeste (nossa maior carência) ou como construir instalações com mais de sete andares para os porcos).

Temos de melhorar o sistema e não transformá-lo radicalmente, o senhor entende? Ao senhor, falta-lhe sensatez! "Realmente, eu estou perplexo", respondeu João. "Bem, agora que o senhor conhece as dimensões do problema, não saia por aí dizendo que pode resolver tudo. O problema é bem mais sério e complexo do que o senhor imagina. Agora, cá entre nós, devo recomendar-lhe que não insista nessa sua idéia, isso poderia trazer problemas para o senhor no seu cargo. Não por mim, o senhor entende. Eu falo isso para o seu próprio bem, porque eu o compreendo, entendo perfeitamente o seu posicionamento, mas o senhor sabe que pode encontrar outro superior menos compreensivo, não é mesmo?".

João Bom Senso, coitado, não falou mais nenhuma palavra. Sem se despedir, meio atordoado, meio assustado com a sua sensação de estar caminhando de cabeça para baixo, saiu de fininho e ninguém nunca mais o viu. Por isso é que até hoje se diz, quando há reuniões de alterações de procedimentos, melhoramentos de qualidade, evolução tecnológica e mudança de paradigmas, que falta faz o Bom Senso.

- Qual é o posicionamento da chefia perante a mudança de paradigma?
- Qual é o melhor sistema, o existente ou o sugerido pelo Bom Senso? Por quê?
- Por parte de quais elementos do sistema pode existir uma grande resistência à mudanças?


João Alfredo C. Alvim

Diretor Técnico e Comercial

Purpoxy - Casa de Sistemas Anticorrosivos Ltda.

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